segunda-feira, 9 de maio de 2005

Fim


Domingo das mães, hoje.
Essa semana foi esticada, na quinta-feira viajei às pressas para o interior do Paraná. A avó do Cau faleceu.
Apesar de ter sido um alívio, essas situações sempre mexem com a cabeça da gente de certa forma. Eu revivi alguns sentimentos que tive quando minha avó materna faleceu há 8 anos. Em ambos os casos eram duas senhoras muito ativas e que sempre fizeram tudo pelos outros. Tiveram ambas um fim de vida sofrido, doente, na cama, com resquícios de dignidade, apesar do amor que as cercou nesse período.
Adoro pessoas de idade, a gente aprende muito com elas. Lembro de um estágio que fiz durante a faculdade de psicologia, em um hospital psiquiátrico, no setor de idosos. Como penso com carinho naquela época! Aprendi várias coisas, mesmo não estando com suas funções mentais totalmente coerentes eles todos tinham momentos de lucidez, cheios de recordações e sabedoria.
Me ensinaram a fazer bolos variados, melhor época para plantio de vários alimentos, cantavam "modinhas" enquanto um deles tocava uma viola desafinada, tentaram me ensinar a bordar ponto cruz (esse eu não aprendi até hoje) e, como uma delas gostava muito de ler mas estava com mal de Parkinson e sua retina estava descolando de tanto forçar a vista ao segurar o livro, eu lia para ela todas as vezes que ia lá. Mas no hospital só haviam livros espíritas, então passei a conhecer melhor a doutrina através da curiosidade da dona Nilda, querida. E eram muito divertidos, também esses meus velhinhos. Montar o presépio no Natal com eles foi uma farra.
Lembro da emoção no dia que eu saí do estágio, me deram uma vela perfumada em lata e muitos desejos de coisas boas para a minha vida.
Nos Natais seguintes eu sempre acendia a vela e pensava com saudade daquelas pessoas que só me deixaram lembranças boas.
Assim foi com o fim da vida de minha avó. Câncer. Um ano e meio deitada quase o dia todo, se despedindo aos poucos da vida, da família, dos amigos; aproveitei cada minuto que pude. Me contou da sua infância e juventude, anotei várias receitas do "caderno mental" dela, pedi que me ensinasse tudo que pudesse, lavava e secava seus cabelos, ajudava minha mãe e tia na higiene, enfim, agradeço por ter tido esse tempo-prorrogação ao lado dela. Me tornei uma pessoa mais humana depois desta experiência, com certeza.
E agora a vó do Cau, que eu adotei assim que conheci e só não me aproximei mais pela distância. Derrame, seguido de 7 anos de cama. Triste, caramba. Tanta gente do mal que vai-se embora com um tiro na cabeça, sem dor, enquanto uma pessoa boa de alma demora anos definhando, sofrendo... é de se perguntar o por quê.
Enfim, que descanse em paz, né?
Tenho então que agradecer, nesse dia das mães, por ter a minha por perto, com seu senso de humor e sabedoria sem igual, e por ainda ter uma avó, paterna, de novo firme e forte e recuperada da cirurgia, cada vez mais querida, cada vez mais "vovó". Gracias, então.

Maestro, qual é a música?
Amen Omen - Ben Harper - Diamonds On The Inside
Vídeo

What started as a whisper,

Slowly turned in to a scream.
Searching for an answer
Where the question is unseen.
I don't know where you came from
And I dont know where you've gone.
Old friends become old strangers
Between darkness and the door

Amen omen, will I see your face again?
Amen omen, can I find the place within
To live my life without you?

I still hear you saying
"All of life is chance,
And is sweetest,is sweetest when at a glance"
But I live,
I live a hundred lifetimes in a day.
But I die a little
In every breath I take.

Amen omen, will I see your face again?
Amen omen, can I find the place within
To live my life without you?

I listen to a whisper,
Slowly drift away.
Silence is a loudest,
Parting word you never say.
I put I put your world
Into my reins
Now a voiceless sympathy
Is all that remains.

Amen omen, will I see your face again?
Amen omen, can I find the place within
To live my life without you?

Amen omen, can i find the strength within.

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