segunda-feira, 4 de abril de 2005

Cataclisma


Que maré!
Tive um fim-de-semana muito estranho, muito diferente de todos os que me recordo. Novamente, família.
Na sexta-feira peguei carona com meu primo e a esposa dele para Criciúma, em SC. Meus tios completaram 30 anos de casados no sábado e uma festa foi organizada, fui representar meu lado da família. Faltando apenas uma hora de viagem (são 6 no total) recebemos um telefonema: meu outro tio, o caçula (meu pai é o mais velho e o de SC, o do meio) estava indo para lá com minha tia e meu primo de 17 anos e teve um acidente grave. Estavam em um hospital em Florianópolis. Sorte a deles ter sido perto de Floripa, pois contaram com hospitais melhores e uma prima cheia de iniciativa que mora lá. Fomos até Criciúma e de lá acompanhamos os fatos via Embratel. Preocupantes. O carro capotou, meu primo foi lançado para fora pelo vidro traseiro e estava (e ainda está) inconsciente desde então, agora em coma induzido e aguardando melhoras. Pelo menos o quadro é estável, já se passaram 48 horas e isso é positivo. Minha tia estourou o vidro da frente com a cabeça, que virou algo disforme, apesar de não ter quebrado nada. Passou por uma microcirurgia plástica e está estável, mas com muitas dores e hematomas e drenos na cabeça. Meu tio saiu com hematomas, mas já teve alta.
No sábado de manhã a festa foi cancelada, saímos de Criciúma em direção à Florianópolis e lá passei meu fim de sábado e parte do domingo. Visitei meu primo na UTI, foi... esquisito. Já estagiei em vários hospitais durante a faculdade, inclusive em UTI´s, mas obviamente como estagiária de psicologia dava prioridade a quem podia falar, não aos comatosos. Foi a primeira vez que me vi frente a um conhecido, pior!, meu primo caçula e por quem tenho um carinho especial, deitado inerte. A sensação ao vê-lo foi a de que caiu da bicicleta e estava dormindo. Sereno, com tubos na boca e saquinhos de soro por todos os lados, alguns arranhões na testa e nariz inchado. Só. Seus batimentos cardíacos aumentaram enquanto estivemos lá, o que pode indicar que percebeu nossa presença. Tomara. Seu estado ainda é considerado crítico, corre risco de vida.
Minha tia não consegui visitar, por problemas de horários conflitantes e ela estar em outro hospital. Pena.
Além disso houveram muitas conversas em família, muitos desabafos, sensações veladas vieram à tona... ainda não chorei, apesar da tristeza de imaginar o quadro emocional todo que se desenrola a partir de agora. A recuperação física e psicológica, principalmente, e como isso vai refletir na família.
Penso em minha avó, que mora com eles e acaba de sair do hospital, angustiada em saber notícias e poder olhar para todos, vivos e bem de saúde; na namorada do meu primo, estão juntos há uns bons dois anos, talvez mais, tão nova e já precisando se deparar com uma coisa grave destas, a possibilidade de perder o namorado de maneira tão cruel; em minha tia, que passou por uma deformação física e vai levar um tempo até voltar a se sentir bem consigo mesma, além da preocupação com o filho e não poder visitá-lo; do que deve estar se passando na cabeça do meu tio, sabendo que estava ao volante e vendo as consequências do que ocorreu; meus dois primos que ficaram em Curitiba e por um triz não perderam a família; enfim, são pontos de vista variados, tento calçar os sapatos de todos para conseguir entender o que estão sentindo.
Me senti um peixe fora d´água em vários momentos, apesar de estar em Floripa, minha terra natal querida. Mas sinto que foi importante eu ter estado lá, junto com eles, de alguma maneira a família toda se conectou através deste acidente.
Tô achando esse post pessoal demais, mas enfim... precisava escrever e reler tudo isso, quem sabe eu consigo processar melhor as informações.
Detalhe: eu deveria ter ido no carro com eles. Imagina a perna bamba quando soube do acidente. Faz pensar em muitas coisas, realmente. Hasta.


Maestro, qual é a música?
Rosamunde, Op.26, D.797:Intermezzo - Franz Schubert - Meditation: Classical
Relaxation vol.4

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